sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Todo poema é desnecessário (?)

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A poesia acontece fora dos versos
E fora deles ela não tem ordem correta
Ela nem rima, nem se desencontra
Ela é mais que tercetos ou quartetos

A poesia nem palavras é
Não é gramática, idioma, sintaxe ou alfabeto
A poesia não cabe em nenhum poema
Ela não é algo que caiba
Não tem tamanho nem limite

Poesia não se calcula
Poesia não se deduz
Poesia não se teoriza
Poesia não se pratica
POESIA ACONTECE

Poesia não se abre nem se fecha
Ela vem sem tranca

Poesia não se escreve nem se apaga
Ela vem sem palavra

Poesia não se cria nem se copia
Ela vem sem guia

POESIA ACONTECE
Começa na gente
E não termina.

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Método?

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Não separemos Corpo e Alma
Eles precisam, Necessariamente, estarem juntos
Para que 'copulem' e gozem o 'orgasmo'
Que fará de nós seres capazes de filosofar com prazer.

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domingo, 22 de novembro de 2009

ALGUMAS VERDADES( discutíveis é claro!)

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FILOSOFIA: Ainda um mero 'gaguejar' da voz da Razão.

AMOR: Só é possível sem orgulho.

VIDA: Só temos essa, por isso aproveite!

ÉTICA ou MORAL: Regras que o ser humano aplica contra a sua própria natureza.

RELIGIÃO: Ficções poderosas e convincentes e nada mais que isso.

DEUS: O presonagem principal das ficções.

POLÍTICA: Tentativa do ser humano de conviver com o outro através do poder. (Desconfio que isso ainda não deu certo).

MORTE: A única certeza que existe; e me pergunto por que temos medo da única verdade que conhecemos?

VERDADE: A grande mentira que nós insistimos imaginar que encontraremos; no entanto procurá-la é um bom exercício mental e corporal.

ESPERANÇA: "ela é a útima que morre". Nem mesmo a esperança espera viver para sempre. Até ela há de desesperar, até ela.

PARADOXO: E o mais belo paradoxo é este: a única coisa perene é a perecebilidade de todas as coisas.


"... creio que não sou muito pior do que muita gente que canta alto na igreja". (William Faulkner / Santuário)
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

À Ferreira Gullar

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Vou te emprestar um poema
Sei que não precisas,
Mas empresto mesmo assim.
Um poema ruim,
Pois todos os seus são bons
Um poema assim
Meio música em meio tom
O poema não tem instrumento,
Mas toca qualquer nota
O poema não tem voz
Mas é audível para quem olha
O poema de um cearense
Para um espírito maranhense
Ou melhor, para um corpo sanluisense.
Te empresto todos estes versos
E cada um tem juros e correções monetárias
Juros e correções que há muito já estão pagos,
Pois todo verso teu é uma fortuna que se herda
Um bem invendável, inegociável
A não ser que eu precise comer
Aí pego algumas bananas e pêras
Antes da “hecatombe no prato sob uma nuvem de mosquitos”
Sem “Barulhos” posso comê-las
E saciar essa fome versejante de meus dedos
Só nesse caso pegaria alguns versos seus,
Mas hoje; um hoje sem dia, sem semana, sem mês, sem ano, sem década,
sem século correspondente,
Hoje, nesse momento atemporal, esse momento que pode ser a qualquer momento,
Te empresto este poema.
E só não empresto meu cu porque cada um tem o seu. Essa, dizem, é a lei de deus. Alguns têm violado essa lei e sentam meio de lado; talvez essa seja a penitência divina, mas da Providência entendo pouca coisa, por isso continuemos. O poema virou prosa, mas mesmo assim te empresto ela. Minha prosa é emprestável; imprestável, mas emprestável. Lembre disso. Você não pediu, eu sei que não implorou por nenhuma destas palavras para empréstimo, mas esta é a forma que tenho de agradecer por seus poemas Sujos, -Murros, Galos, Nuvens, Peras, Avenida, Quartel, Roçzeiral, Poemas, João, Veloz, Fotografia; seus poemas finitos, mortais; seus versos tão bons quanto ‘bucetas’, ‘bananas’, ‘peras’, ‘tangerinas’ e ‘cus’. Seu “Poema Obsceno” que é um murro nos testículos de nossa pretensão de ser Brazil e não Brasil. Sua tradução intraduzível, irrepetível, inigualável. “Traduzir-se” daquele jeito só é possível uma vez e você conseguiu (e puta que pariu! Que inveja eu e todos os poetas vivos ou mortos, e ainda por vir, teremos daqueles versos vertiginosos). O poema definitivamente virou prosa, mas mantenho minha palavra: vou te emprestar; e para não terminar em prosa aqui vão os últimos versos:
A poesia não cabe em versos
A poesia não cabe em livros
A poesia é descabida
E só quem a faz caber é a vida.


À José Ribamar Ferreira Gullar, que está ‘Um Pouco Acima do Chão’ ‘Lutando Corporalmente’ com ‘Poemas’, ‘Por você, Por Mim’ ‘Dentro da Noite Veloz’ onde já enfrentou um ‘Poema Sujo’ e um ‘Crime na Flora’ até a ‘Vertigem do Dia’; ao ser-poeta que faz ;dos ‘Barulhos’; vários, variados e desvairados poemas. Obrigado.

D. Q. M.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"etctriano"

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“etctriano”


Começo a ficar tenso quando estou na fila do cinema, dentro do teatro, na universidade ou dentro de algum centro cultural e ouço algum sujeito dizer “kafkiano”, “hegeliano”, “sartriano”, “newtoniano”, “machadiano”, “shakesperiano”, “etctriano”.
Sei que algo na maneira como são ditas não se encaixam muito bem numa conversa coloquial. Essas coisas são a saturação de um “discurso acadêmico”. Das duas uma, ou o sujeito que diz um dos termos “ianos” sabe do que está falando, ou só quer trepar com a ‘pessoa’ com quem conversa. Disse ‘pessoa’ porque um sujeito pode muito bem querer trepar com outro sujeito, e uma “sujeita” com uma “sujeita”. E não direi “é assim no Século XXI”, pois todos os séculos tiveram homossexualismo. Mas, voltando ao assunto, vamos analisar a primeira possibilidade.

Sim, muitos sujeitos que dizem “Nieztchiniano”(esse é clássico) “Kafkiano” ou “Bergsoniano” sabem do que estão falando, mas o que fazem estes termos numa fila de cinema, ou dentro do teatro, ou numa caminhada pelo parque? O que há de errado em notar que o mundo não nos deu seu manual de instruções? O que há de errado em perceber que não há ‘item 69 do capítulo 23’ em que diz que “temos o bem ou o mal como escolha”? Que “Freudiano” não encerra o caso do comportamento dos seres-humanos. Tenho quase certeza que, quando abrirem sua cabeça e examinarem seu cérebro um dia, não vão achar ali escrito “id”, “ego” ou “super-ego”. Tudo bem, sei que são teorias abstratas; mas não se espante se por algum acaso aparecer um psicanalista afirmando que essas coisas estão dentro da sua cabeça e que você deve compreendê-las.

Concordemos nisto: não há tal manual, e isso de sair por aí descarregando termos com “iano” no final, me deixa tenso. Primeiro porque não entendo metade deles, e segundo porque a outra metade que entendo está sendo usada equivocadamente por alguns sujeitos e sujeitas. Se você quer impressionar a outra pessoa para transar com ela, apenas seja franco e não transforme a conversa num monólogo intelectual. Deixe isso
para quando estiver no banheiro, num simpósio ou outros desses rituais acadêmicos.
Bem; no banheiro aconselho uma masturbação mais literal, mas se prefere a masturbação mental então sinta-se à vontade.
Era isso o que eu tinha pra dizer, e perdão se fui escancaradamente “Bukowskiano”.
_____________________________________D.Q.M.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sem título.

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Você já viu um animal agonizando? Se já, então sabe que este poema é real.
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Ele se encolheu no canto
No espaço entre o jarro e a parede
Agonizou até nunca mais agonizar
Antes de nunca mais se contorcer ele se contorceu
Com as patas arranhando o azulejo da parede
Ele tentava escalar uma queda que não tinha mais volta
Seus olhos amarelos continham uma profunda confusão
Eles diziam:
“Estou morrendo! Mas ainda estou vivo!”
Se eu imaginei estas palavras
Já não sei mais,
Mas a mensagem que recebi foi esta:
“Onde está o mundo?”
será que por isso ele arranhava a parede?
Será que tentava escalar uma queda livre?
Seus grunhidos eram fracos,
Mas bateram com força em meus ouvidos
A vida ainda tinha som no corpo daquele animal
E se ele pudesse falar
O que ia me dizer?
A vida dele está perdida pra sempre
E fui o último que a presenciou
Antes de perder-se.

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*Do livro "POEMAS PERDIDOS".Que não publiquei porque ainda estou procurando.

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Festa Nº5

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Há uma festa acontecendo dentro de mim.
Meu coração me convidou.
Eu fui.
Ele não.
Esperei uns trinta e dois minutos, depois fui embora.
Voltei caminhando pela Rua da Rejeição
Chutando umas latas vazias que jogaram no asfalto da minha alma.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Desodedeça

Não comenten esta postagem!


(Vão obedecer?)

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domingo, 20 de setembro de 2009

48 neurônios.

Estou aqui escrevendo e ao mesmo tempo lendo o que escrevo, e mesmo que possuísse a habilidade de escrever de olhos fechados ainda assim estaria lendo em pensamento. Pelo menos asseguro a ‘telepatia à si mesmo’, nós conseguimos ler nossos pensamentos, nossas próprias memórias, e esse poder é pouco explorado por muita gente que não percebe nem mesmo o que pensa; mas estou aqui percebendo meus pensamentos e eles são estes:
1. A maioria dos cus cagam.
2. A menor das maiorias é maior que qualquer minoria.
3. Perdi a conta das letras até aqui.
4. Eu não estava nem contando.
5. Se você contar você é doido.
6. Todo sexto pensamento vem para auto explicar-se
7. Puta que pariu! O sexto pensamento não se explicou.
8. Minhas unhas estão crescendo.
9. Minhas orelhas estão crescendo.
10. Meu pênis... pois é.
11. A lua de Agosto é invisível.
12. No dia 20 de Outubro de 1982 eu nasci.
13. A data da minha morte ainda não tem dia, nem mês, nem ano, mas sei que terá tudo isso.
14. Ainda estou vivo, vamos continuar a pensar.
15. Estou com preguiça.
16. Quem me conhece sabe que isso não é novidade.
17. A vida não tem roteiro.
18. Eu amo esse meu pensamento acima.
19. Calma, alguns pensamentos são bons.
20. O décimo sétimo é um deles.
21. E os próximos serão melhores.
22. Mas o que é melhor que um orgasmo?
23. Vários!
24. O vigésimo quarto pensamento é tão gay quanto Prince, Elton John e George Michael juntos.
25. Ler é minha forma de gozar com os olhos.
26. Escrever é minha outra forma de gozar com a mão direita.
27. Pensar em pensar é uma viagem daquelas.
28. Transar é a melhor ação de qualquer corpo que tenha órgãos que gozem.
29. Chega de putaria.
30. Só por enquanto.
31. O amor barato vende feito água.
32. O amor caro é um produto raro.
33. A formiga só trabalha... espera...não são as abelhas?... esqueci.
34. Deus existe.
35. (Só não falei o contrário porque dizem que Ele é onisciente, vai que Ele fica ciente do que eu disse).
36. Eu não sou ateu, mas Deus não aparece e assim fica difícil.
37. Não sou ateu mesmo, mas Deus parece que é ateu em relação a mim. Acho que Ele não acredita na minha fé, então o ateu é Ele, não eu!
38. Chega de Deus, meu Deus!
39. Não tem vacina contra Angústia.
40. Ainda bem; pois pensar é, na maioria dos casos, resultado dela.
41. E mesmo que a maioria das pessoas considere inútil, adoro pensar.
42. A maior das minorias ainda é minoria, infelizmente isso não tem jeito.
43. Estou pensando numa música.
44. E só disse ‘numa’ porque não lembro que música é.
45. Esses pensamentos são inúteis.
46. E se algum é útil então preciso me cuidar, pois se meus pensamentos tem por objetivo serem úteis então traí os meus princípios poéticos da beleza nas inutilidades.
47. Peço desculpas se não pensei geniais pensamentos que mudariam o mundo, mas se você tem o mínimo de inteligência e cultura histórica deve ter notado que só pensamentos não mudam os rumos da humanidade.
48. Mas antes que sintam vontade de me matar por fazê-los perder tempo com estes pensamentos, vou dizer um que vale a pena praticar: A vida não tem roteiro, escreva o seu.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Teimosia de um corpo lírico

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Esse poema tem um osso qualquer que não sei o nome
Tem um músculo que enrijece, um tendão que o apóia
Uma articulação que o movimenta.
Esse poema tem um sangue qualquer que circula frenético
Em veias diversas e sem direção definida
De cor indefinida.
Essse poema tem um coração qualquer que não sei a batida
Em um peito que diz: Nunca desista!
Esse poema tem um lirismo qualquer que teima
Em ser verso
Em ser vivo.

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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Anotação absurdamente mórbida

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Ele era tão esquecido que um dia esqueceu de respirar e morreu sufocado.

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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Anti-Socrático

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As pessoas se ocupam com toda e qualquer coisa para esquecerem à si mesmas.
Essa é a maneira de definir a maioria do seres humanos de meu tempo: "Esquece-te à ti mesmo".


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sexta-feira, 17 de julho de 2009

(Do Livro "Poemas Perdidos")

Uma vontade física de um orgasmo que durasse um ano
Uma vida de gozos que durassem duas vidas
Essa ânsia de prazer que arrebenta estrelas
Que altera e bagunça todas as constelações
Um calor que aqueceria sóis
Uma ardor que queimaria luas
Essa força que desintegra qualquer moral
Essa força que oblitera qualquer juízo
Essa força.Ah! Essa Força!

Esse corpo que anseia por tudo
Por todos
Um querer sexual pelo Universo
Para o Universo
"... acho que vou gozar todo o esperma do Universo"¹
E Lambuzar o vácuo em todas as direções
Que todos os vulcões entrem em erupção!
Que todos sintam o calor dos rios de lava!
Joguemo-nos nos furacões,nos terremotos,
nos maremotos da intersubjetividade!
Vamos fornicar como o Universo!
Amando cada átomo que nos compõe
Beijemos o carbono, vamos lamber o amoníaco
Façamos nossos filhos em todos os elementos.
Marchemos de encontro aos orgasmos
Deixemos para trás a vergonha das genitálias
Façamos e digamos como a poetisa Adélia Prado:
"Cú é lindo"².
Sim,cú é lindo.
Os buracos-negros são os cus do Universo
E engolem os pênis de Luz que penetram velozes
O próprio Universo copula
E o Orgasmo do Universo é a Vida.

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¹ Trecho de um poema de Roberto Piva
² Trecho de um poema de Adélia Prado

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sexta-feira, 3 de julho de 2009

(sem título)*

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Qual o sentido da vida?
A vida vai pela esquerda.

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*(Do livro "Poemas Perdidos" que não publiquei porque perdi).

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sou uma pessoa diferente agora

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Sou uma pessoa diferente agora
Sou uma pessoa diferente agora
Sou uma pessoa diferente agora
Sou uma pessoa diferente agora
Sou uma pessoa diferente agora
Sou uma pessoa diferente agora
Sou uma pessoa diferente agora
Os versos aparentemente são iguais
Mas eu nada tenho a ver com palavras
Pois sou uma pessoa diferente agora.

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terça-feira, 23 de junho de 2009

Estado de Espirito

Sentado na frente da tela do Word, eu busco palavras que se aproximem ao máximo da dor que estou sentindo nesse momento.

Desespero.

Apatia.

Inércia.

Descrença.

Raiva.

Estou des con ce rta d o .

Destruído.

Fudido.

Mas isso é a vida?

FODA-SE.

Tocar pra frente sempre!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

4 citações da Dor

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"O dia não é hora por hora,
é dor por dor." (Pablo Neruda)

"Estou universalmente mal, metafisicamente mal
(...)Isso é mais grave que a significação do universo." (Álvaro de Campos)

"As lágrimas rosnam." (Roberto Piva)

"Esse poema não é dor
A dor é que é esse poema." (Davi Queiroz)

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Minha sombra tem cheiro

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Um cachorro vira-lata fareja minha sombra
Ele funga, fuça
Qual será o cheiro da minha sombra?
E o cachorro lá a cheirar
Fuçar, fungar, farejar
Minha sombra sente cócegas
Mas sou eu quem ri
O faro poderoso do vira-lata me avalia
A mim não, a minha sombra
E se fede ele não diz
Se cheira bem ele nem late
Dou um passo e minha sombra também
E o cachorro continua imerso na viciante fragrância,
Pois dali não sai.
Minha sombra o sombreia
Ele parece querer inalar toda ela
O que seria minha sombra no interior de um vira-lata?
Seu farejar faz cócegas na minha sombra
E minha imaginação sorri.

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Esquina Certa

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… quando dobrou a esquina da rua tão conhecida em que viveu ela teve uma vontade de gritar. Não era possível! As casas estavam em lados contrários. O trezentos e sessenta estava do lado direito e o trezentos e sessenta e cinco do lado esquerdo; talvez tivesse tomado a outra esquina oposta, aquela que nunca entrava quando vinha do trabalho, mas não, ela estava justamente dobrando a esquina cotidiana em seu retorno para casa vindo do trabalho. No entanto tal absurdo de lados não a fez gritar de fato, ela continuou a caminhar, apesar dessa estranheza do cenário, mas que no fundo de sua memória era um ambiente familiar. Caminhando passou pelas casas e não apenas estas estavam do lado errado, seus moradores haviam invertido de morada, o tão conhecido Sr. Wilson estava sentado com sua cadeira de balanço na calçada da casa de número trezentos e sessenta e dois e para espanto mais fantástico o Sr. Wilson não era mais o velho de rosto magro e voz rouca, ele era um jovem de rosto roliço e voz grave e cantarolava uma canção que não foi entendida por ela e por isso não está descrita aqui. A casa dela ficava à poucos metros, então ela apressou os passos, mas teve um temor insuportável, ou melhor, a razão deu de presente para ela o pior dos raciocínios: ''se todas as casas estão do lado contrário e os moradores moram em casas diferentes e não são mais o que eram, os velhos são jovens, os maduros devem ser adolescentes, os jovens devem ser criancinhas, e as criancinhas são rescem-nascidos ou ainda estão no útero de suas mães.

. Então em meio a este perigoso presente (pois a razão pode ser um perigo, apesar de Descartes discordar disso), presente que os seres humanos chamam de raciocínio, ela preferiu agir de acordo com a realidade do momento numa espécie de razão ou desrazão utilitarista, ou numa fantasia que lhe pregava uma peça que não pertencia a quebra-cabeça algum. Assim, no momento em que quase pisava a calçada de sua casa ela voltou então o caminho que fizera e resolveu chegar na sua rua pela esquina oposta, aquela que nunca usava quando vinha do trabalho. Então fez um arrodeio no outro quarteirão e quando chegou a esquina que nunca usava quando vinha do trabalho ela sentiu o que chamamos de alívio, pois tudo estava exatamente como sempre for a onde sempre estivera. Assim ela caminhou confiante, deu boa noite ao Sr. Wilson quando por ele passou, chegou até a calçada de sua casa e pensou: ''eu, se tivesse continuado a caminhar em uma fantasia que invertia os lados do mundo e retrocedia o tempo talvez não pisasse na calçada de minha casa com os dezoito anos que tenho agora. ''

. Talvez ela tivesse perdido dezessete anos de vida ao continuar naquela fantasia que invertia os lados do mundo e retrocedia o tempo e em vez de estar de pé na calçada de sua casa ela estivesse engatinhando nesse mesmo lugar quando tinha apenas um ano; mas ela entrou em casa, pediu a benção a sua mãe e começou a escrever todas estas palavras para não esquecer que, de vez em quando, a vida é tão fantástica a ponto de ser um conto de Julio Cortázar.


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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Delirium 2.

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As agulhas fincadas nos meus olhos
Todas as coisas pontiagudas nos meus olhos
Perfuram Furam Perfuram
Furam Perfuram Furam
E ainda não foram
Meus olhos riem, pois chorar é um clichê que fere.

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Nós, que hoje escrevemos, somos mortais medíocres?

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Nós, que hoje escrevemos, teríamos desejo de sermos tão oprimidos quanto foram nossos antecessores? Necessitamos de ferramentas absolutistas, ditatoriais para fomentar nossa criatividade? Temos anseios por exílios, deportação, tortura, espancamentos, perseguições? Se disséssemos sim nos afirmaríamos masoquistas e também concordaríamos que os sadismos desses governos eram uma benção. Quase todo o campo literário que se enquadra nessas épocas nada belas (Laid Époque / Feia Época) são os mais geniais que jamais lemos ou leremos, com certeza a afirmação é verdadeira, pois os meios que esses grandes homens e mulheres usaram e inventaram para fazer valer suas obras foram as maneiras mais heróicas e anti-heróicas que já vimos, mas aqui não usarei o ''que jamais veremos'', pois hoje ainda temos atos de heroísmo e de anti-heroísmo no meio literário; e temos (ainda bem) mais anti-heroísmo do que o primeiro exemplo.
Só que uma afirmação não é uma instituição. ''Melhor do que nós'', é uma corriqueira forma de nos referirmos aos escritores que viveram em épocas de chumbo. Aqui cabe fazer justiça ao Chumbo, este metal importante. Vou citar uma de sua melhores qualidades: a versatilidade. Lendo e pesquisando descobri que ''o chumbo tem facilidade em ser trabalhado, cortado, dobrado, soldado (…) é também empregado para atenuar radiações. Combinado a outras substâncias, tem aplicações na medicina (…) ou na composição de tintas que evitam a corrosão de superfícies metálicas''. E além de fazermos justiça ao metal vamos tratar de traçar analogias importantes entre o chumbo e os escritores e escritoras. O chumbo é matéria-prima para os tipos gráficos que serviram pra formar a letras que deram impressão nos livros das épocas ditatoriais, além disso temos a versatilidade de nossos escritores para serem lidos em época de censura, nada mais coerente do que isso, pois o ''chumbo'' (o governo) na sua cruel versatilidade de oprimir acabou encontrando adversários à altura, e esses adversários souberam 'trabalhar', 'cortar', 'dobrar' e 'soldar' muito bem essa época feita de puro chumbo. Com a rica criatividade, os que nessa época escreveram, souberam também 'atenuar radiações' contra o povo e não deixaram, essas mulheres e homens escritores, que nossa 'tinta' de humanidade fosse corroída pelos abrasivos ventos salgados das ditaduras. E há um detalhe que talvez justifique a raridade de produção literária de qualidade e mais uma vez recorro as minhas pesquisas sobre o chumbo para tal intento, aqui está a possível justificativa: ''muito embora seja um metal de variado emprego industrial, o chumbo não pode ser usado em larga escala, pois é escassa a sua quantidade na natureza''. É verdade, não é todo dia que extraímos Gullares, Pivas, Saramagos de uma mina literária.

Mas a pergunta que faço é: e a nossa época, é por acaso uma época de isopor? Leve? Sem densidade? As perguntas não são aqui uma forma de líbelo contra esse saudosismo a que estamos sujeitos, são antes de tudo uma exposição de que os 'chumbos' ainda pesam a mesma coisa no século XXI. E que, independente de dados históricos, existem fora das páginas de livros de história enfadonhos, novos escritores que sequer foram exilados ou tiveram suas obras proibidas em diversos países. E só por serem novos não significa que são menos geniais do que aqueles com mais de cinquenta anos. A idade na verdade não é o que dá valor à Saramago ou Ferreira Gullar, suas obras e letras não tem idades; nem mesmo o verso composto amanhã é menos genial do que aquele composto ontem. O tempo, ou época, ou ano, ou era, ou dia, ou hora, ou semestre, ou estação, ou minuto, ou década, ou nanossegundo, ou século, ou átimo não dão o valor que a arte da escrita teve, tem ou terá. Aqui cabe colocar a palavra ''transcende'', pois é isso o que se encaixa a coerente liberdade que a literatura tem. E não serão governos e suas formas bárbaras (trajadas de civilidade) de governar que nos farão respeitar mais ainda aqueles que nela mostraram sua criatividade. Primeiro nos cabe compreender que por mais opressora que seja a sistemática que governa um país ela não cuida de prender o pensamento do homem enquanto indivíduo; pois este pensamento, esta imaginação fantástica ou realística ou realística-fantástica é intrinsecamente livre, nem mesmo o indivíduo que pensa um pensamento tem total controle sobre este, quem dirá de todos os pensamentos que se têm ao escrever (eu que o diga, pois cada linha de texto é bem mais do que finalmente escrevo, antes milhares de pensamentos me ocorrem, mas milhares deles não caberiam em idioma conhecido, ou vivo, ou morto, ou ainda por ser inventado, e isso se aplica a maioria dos amigos e amigas que contemporaneamente comigo escrevem, não somos prolixos na escrita, mas nossos pensamentos deambulam ( e isso adoramos) ).

Portanto, sobre esse prisma do indivíduo-pensante-livre, as épocas de chumbo foram tão livres quanto as nossas épocas de isopor. Cabe a nós, que hoje escrevemos, tornar imanente em nós e transcender (não esquecer de ler!) os nossos ''deuses escritos'', pois nosso tempo é este e quem não percebeu isto então toque o íntimo de sua medíocridade e continue sendo um mortal ajoelhado perante aos imortais.


P.S.: Ainda estou ajoelhado, mas um dos joelhos começo a erguer.


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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Não deu tempo!

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Esse texto se auto-destruirá em ...


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terça-feira, 21 de abril de 2009

Sensualismo(com doses de Irracionalismo)

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Estou muito confuso na maneira de começar o texto que vai explicar porque prefiro o sensualismo, mas bem que eu poderia dizer ‘prefiro porque prefiro e pronto’ e acabar agora, mas estou com vontade de explicar hoje porque não sei o dia de amanhã, ora bolas eu sou um mortal e sabemos bem que isso significa ‘um possível fim a qualquer momento’, mas encaro essa ‘finitude’ como uma provocação, é como se ela dissesse pra mim ‘explica logo essa porra de Sensualismo Davi”.

Pois bem, para começar tenho que lhe explicar que tenho sensações não tão comuns, meus sentidos já conheceram o desregramento total e irrestrito, já senti sede com os olhos, fome com os ouvidos, já cheirei com as mãos e pele, já vi com a língua e até toquei com a mente. Depois disso imagino porque ter regras para os sentidos, que são a base do Sensualismo que de acordo com um ‘pai dos burros’ de filosofia é: A atitude que consiste em atribuir uma importância excessiva aos prazeres do sentido.
PRAZERES. PRAZERES. PRAZERES. Adoro essa palavra, mas deixando o lapso de lado, vamos nos concentrar no sentido pejorativo que o ‘ismo’ dá ao termo. O ‘ismo’ nos mostra que ‘sensualismo’ é algo condenável, que a filosofia ou qualquer outra forma de conhecer as coisas não se dá apenas pelos sentidos, mas por faculdades intelectivas mais confiáveis (platônica forma de pensar).

Só que a minha explicação não será uma enfadonha análise do enfadonho pensamento filosófico de Platão (apesar disso ele é importante), aqui vamos tratar diretamente da minha preferência, e boa parte dela está ligada ao texto anterior, pois nele está a figura imagética e estilizada de um intelectual de nossos tempos, roupas e aparências físicas definidas, apesar de muitos engravatados serem tão ridículos quanto. Porque o ‘intelectualismo’ não me atrai? Primeiro porque não tenho barba o suficiente pra fazer a ‘barbinha estilosa lá’, segundo, não preciso usar óculos (apesar de poder comprar um ‘pra leitura), minhas blusas não são tão ‘descoladas’,tem pouca estampa e vez ou outra pinto uma e mesmo. Aí se explica a minha imagem nada condizente com o ‘molde intelectual’. A questão do comportamento ‘enfezadinho’ eu não posso me eximir de tê-lo comigo de vez em quando, mas em mim é um mau-humor matinal que passa ao decorrer do dia. Tudo isso ainda não explicou o que prefiro no sensualismo, pois bem, vou ser breve. O intelectual na maioria dos casos se liga ao ascetismo e dá primazia ao seu conhecimento teórico, enquanto o sensualista na maioria dos casos está ligado ao hedonismo e dá primazia ao conhecimento prático. Eu sou hedonista e prático, mas quem é só isso é um completo idiota, ou o idiota sou eu em achar os outros idiotas, mas vamos lá.

Não sou plenamente sensualista, tenho faculdades intelectivas (os poderes da alma) que não dispenso, como a razão, e com essa faculdade o meu devir poeta não concorda, mas quase todo ser humano é um poço de discordâncias. Bem pouco tenho de intelectual mesmo, naquele sentido de se ‘fazer presente como tal’, me abstenho muitas vezes de discorrer sobre temas filosóficos, literários e das outras artes, pois elas são assuntos mais para meus sentidos, esse é o primeiro momento, o momento estético. Primeiro eu sinto, empatizo, me afeiçôo, uso os sentidos para ter o primeiro contato com a maioria das coisas para depois pensar sobre elas, essa é a lógica empirista, das experiências ( essa redundância foi necessária). O texto parece estar no meio não é? Mas tenho que informar que ele acabou, pois tanta coisa estou pensando agora que todas as linhas seguintes seriam incompreensíveis e impossíveis de se encaixarem no contexto, pois estou com vontade de ir beber um poema com meus dedos e escutar um beijo com minha língua e no fim ter um orgasmo com minha pele.
Eis minhas palavras, quem dera eu pudesse fazê-las ter cheiro, tactibilidade, áudio, e quem sabe gosto, mas estamos compartilhando um estéril mundo virtual e não podemos (ainda) transcender tal realidade. Vá em paz, mas volte na guerra, pois espero seu comentário como a flecha de Eros embebida no prazeroso vinho de Dioniso.

(Depois de ler percebi a má estruturação textual, mas eu pergunto: e daí?).
(Minha razão pede para corrigi-lo depois e eu ‘irraciocino’: O beijo amarelo demora mais que o verde).


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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Intelectualismo vs. Sensualismo.

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Chapeuzinho, barbinha, camisa estampada indiana ou ‘retrô’, óculos com armação ‘intelectual’, um olhar de desdém. O que é preciso pra ser um ‘moderninho’? ler Rilke, Freud, Nietzche, Marx, ter uma camisa do Che (em vez de suas idéias e agir de acordo com elas). Amar de paixão, música, pintura, escultura, literatura, poesia, teatro, dança, cinema, fotografia, arquitetura, brancura, verdura, pichação, atadura, respirar, andar, mastigar, ou seja, amar todas essas grandes artes, amá-las de paixão, ou melhor: “Tipo... amá-las de paixão mesmo cara!”. Violãzinho, pulseirinha, cordãzinho, Buda, yôga, kama sutra, ideograma, relação aberta. Quem colocou na prateleira do supermercado o ‘super-moderninho-intelectual-enfezadinho’? Beat, beatnik, beta, bi, tri, tetra, penta, hexa-sexual. Conversas enigmáticas, quase incomunicação, termos escabrosos, frases precisas, escolha técnica do discurso, oratória perfeita, opiniões, doxa, defesa ferrenha e intransigente e inflexível e imutável do ponto de vista, mesmo errado o intelectual-moderninho está certo, pois como eles costumam dizer: “Gênio é gênio e vice-e-versa”.

Por isso em vez de intelectualismo sou mais o sensualismo. (Maiores (e melhores) explicações no próximo texto).


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sexta-feira, 20 de março de 2009

Buddy Guy Poem



Buddy Guy(de) my soul

In the Blue(s) brick road.


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terça-feira, 10 de março de 2009

39º C.

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Hoje tenho apenas a companhia desta febre e deste termômetro.
39º C. de solidão.


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domingo, 1 de março de 2009

A poética previsão do tempo informa:

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sem conexão.

Hoje não foi possivel postar o que eu queria, internet lenta e eu sem paciência, uma combinação nada agradável. E enquanto essas palavras estavam sendo escritas recebo o aviso: não é possivel acessar o Blogger.com . Bem, acessei e consegui escrever essas palavras, estou me sentido melhor sabendo que é possível subverter o mundo virtual também.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um cair para cima.







sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Pegadas

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Pegadas


... corre! Mas não deixa pegadas. Tem os pés leves, quase sem peso. Encontra obstáculos.

- E daí, quem vai me achar? Não deixo pegadas. Não piso em falso. Corro. Com fé na velocidade que sei que tenho.

Depois de muito correr: cansaço.

- É, correr cansa.

Acorda, sonha, corre. Não gruda os olhos. Mantêm as pálpebras abertas. A linha de chegada está longe. Reza. Roga para que os pés agüentem a estrada aí a frente.

- Vão agüentar. Adoro tato, pé no chão. Pedra no caminho.

Não tropeça. Ou tropeça pra saber como é, mas se o faz não esquece de levantar, não fica no chão e não deixa pegadas.

- Sei. Só estou te testando; vendo se você consegue escrever sobre mim sem me influenciar.

Então você sabe que escrevo um conto sobre sua corrida?

- Desde o começo.

Então cuidado, mais na frente do conto vou colocar um vale pra lhe barrar o caminho, um riacho não tão profundo pra você atravessar.

- Pare!

O que foi?

- Não me conte meu destino, deixa que eu mesmo o traço.

Mas quem escreve sou eu, meu traço é seu passo; você é o personagem.

- Sou? Então porque não parei de correr ainda?

... muito bem, por mais que este conto acabe meu caro personagem corredor, não posso colocar um ponto final em suas atitudes de moldar seu próprio destino, por isso não vejo suas pegadas desde o começo, deve ter aprendido a fugir do escritor, da história. Vá! Corra e faça suas histórias, mas lembre-se de voltar para que eu as escreva.

- Não se preocupe escritor que me criou, sempre retornarei à ponta de sua caneta. Correndo sobre as linhas, pulando páginas, voando sobre capítulos, nadando nos versos, bebendo as letras, conversando em sua prosa, sentindo sua criatividade me recriar, mas não me siga. Não vou deixar pegadas...


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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pseudônimo - 1º escrito.

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Pseudônimo 1


Meu heterônimo chama-se Pseudônimo. Ele costuma escrever sem nem mesmo saber o que significa a letra ‘a’, mas o que significa a letra ‘a’ mesmo? Ele se pergunta tanto sobre isso que não conseguiu compreender o alfabeto todo, parou na letra ‘a’ faz uns 16 anos. Disseram que a letra ‘b’ é mais bonita, uma letra grávida, no início ele não entendeu; pois 'como uma letra pode engravidar?', mas ele pensou nessa pergunta e conseguiu responder em dois segundos: a letra engravida para gerar palavras. Ele escreve tudo em sua mente; se seus leitores tivessem a capacidade de ler um livro-mental eles não parariam nunca mais de ler Pseudônimo. Um dia ele escreveu palavras esparsas numa folha e hoje ele revela para o mundo:
“escrever é emudecer pensamentos”.
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sábado, 31 de janeiro de 2009

VIDA - Doença Terminal.

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Estou com uma doença terminal; e ela se chama vida.

Diagnosticada desde que nasci, uma rara doença que o mundo ainda não conseguiu curar. Durante muito tempo perguntam as causas de tamanha patologia. É uma doença quase imperceptível, mesmo com os milhares de exames disponíveis na medicina contemporânea; e ela não age da mesma forma em todo mundo, a doença é particular e peculiar, pois cada um tem os sintomas diferenciados, alguns não sentem dor por causa dela, outros não suportam piscar os olhos sem que a sintam tanto. O tempo de ação dela é indeterminado, em alguns ela age em dias, em outros casos levam cento e vinte e cinco anos para agir (ou ela passa esse tempo todo agindo). Ela é chamada no meio científico de ‘existência’, mas antes ela foi assim denominada pela Filosofia.

[O Existencialismo, desenvolvido por Jean-Paul Sartre foi a vertente da filosofia que mais estudou e compreendeu essa doença terminal, a colocou como precedente a essência: “A existência precede e governa a essência”. Essa definição funda a liberdade e a responsabilidade do homem, visto que esse existe sem que seu ser seja pré-definido].

Digo que a tenho, pois fiz o mais seguro exame para detectá-la: amei. Sim, amar é a mais segura forma de perceber que a vida é terminal e devastadora como doença, pois com o amor se quer tudo eterno; e descobrir que tudo não é eterno torna-se uma prova de que a vida nos acaba, nos torna tão doentes como nunca se esteve. Durante muito tempo procuram a cura, vide às prateleiras das livrarias na sessão de auto-ajuda, mas já foram descobertos e deflagrados como simples ‘placebos’ inúteis.

Conseguiram sintetizar uma pílula que contem felicidade como seu componente químico mais importante, até agora conseguiram apenas criar a L.F.G. (Leve Felicidade Gentil); pouco comercializada por causa de seus efeitos colaterais: dependência química e dependência dos outros, pois um de seus agentes químicos nos faz crer que podemos ser felizes ao lado de alguém. A felicidade é questionada hoje no meu tratamento, pois o F.I.M. (Fórum Internacional de Medicina) a proibiu de ser colocada na fórmula da L.F.G., mas tomo a L.F.G. clandestinamente ainda com esse componente químico proibido. Eticamente toda essa ação é condenável, mas não quero ‘terminar’ antes. Se vocês me entendem tenho apenas vinte e seis anos, um bom tempo pela frente; e a L.F.G. me torna mais amável, mais sociável, pois muitas pessoas querem todos interagindo com todos e não interagir significa que você está excluído daquilo que chamamos sociedade (o mesmo que ‘estado de quarentena’ em termos científicos).

Apesar de os efeitos da L.F.G. ainda atuarem em mim percebo que depois de um determinado tempo o corpo não se rende mais aos efeitos químicos nem aos efeitos psicofísicos, pois hoje sinto que a vida já não me atinge como antes, ela não me esgota e nem me deixa fatigado no fim do dia. Nesse momento descobri o que os cientistas estão a dez anos de descobrir (como eles estão atrasados). Descobri que a vida é uma doença que pode curar a si mesma. A única e grande dificuldade seria a de descobrirmos isso a tempo, antes que a doença terminal chamada vida nos leve ao encontro da única cura que se conheceu e ninguém e nem médico algum recomendou: a morte.

Portanto, prefiro compreender muito mais minha descoberta antes de declará-la como cura, pois pode ser apenas mais uma variação da L.F.G. (Leve Felicidade Gentil).

‘A VIDA CURA A SI MESMA’, esse é o pensamento inicial para minha quimioterapia filosófica.
A minha ‘quimiofilosofia’, um procedimento experimental que criei enquanto a insônia (um dos sintomas dessa doença terminal) me afligia.

Boa sorte a todos nós, apesar de saber que a sorte de um pessimista (eu no caso) é a de que nada aconteça daquilo que ele achou que aconteceria.



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domingo, 25 de janeiro de 2009

Matéria da Poesia

Todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe à distância servem para a poesia

O homem que possui um pente e uma árvore serve para poesia

Terreno de 10x20, sujo de mato – os que nele gorjeiam: detritos semoventes, latas servem para poesia

Um chevrolé gosmento Coleção de besouros abstêmios O bule de Braque sem boca são bons para poesia

As coisas que não levam a nada têm grande importância

Cada coisa ordinária é um elemento de estima

Cada coisa sem préstimo tem seu lugar na poesia ou na geral

O que se encontra em ninho de joão-ferreira :caco de vidro, garampos,retratos de formatura, servem demais para poesia

As coisas que não pretendem, como por exemplo: pedras que cheiram água, homens que atravessam períodos de árvore, se prestam para poesia

Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma e que você não pode vender no mercado como, por exemplo, o coração verde dos pássaros, serve para poesia

As coisas que os líquenes comem- sapatos, adjetivos -tem muita importância para os pulmões da poesia

Tudo aquilo que a nossa civilização rejeita, pisa e mija em cima,serve para poesia

Os loucos de água e estandarte servem demais. O traste é ótimo. O pobre – diabo é colosso

Tudo que explique o alicate cremoso e o lodo das estrelas serve demais da conta

Pessoas desimportantes dão para poesia qualquer pessoa ou escada

Tudo que explique a lagartixa de esteira e a laminação de sabiás é muito importante para a poesia

O que é bom para o lixo é bom para poesia

Importante sobremaneira é a palavra repositório; a palavra repositório eu conheço bem: tem muitas repercussões como um algibe entupido de silêncio sabe a destroços

As coisas jogadas fora têm grande importância - como um homem jogado fora

Alías é também objeto de poesia saber qual o período médio que um homem jogado fora pode permanecer na terra sem nascerem em sua boca as raízes da escória

As coisas sem importância são bens de poesia
Pois é assim que um chevrolé gosmento chega ao poema
E as andorinhas de junho.

(MANOEL DE BARROS)
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Gramática Expositiva do Chão (Poesia quase toda)- Manoel de Barros- Editora Civilização Brasileira – edição 1990.

Poesias de Manoel de Barros em Aúdio(na voz de Pedro Paulo Rangel) para download: http://rapidshare.com/files/101881072/UQT2002_Manoel_De_Barros_e_Pedro_Paulo_Rangel.rar

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Fim do 'Fim'.

"Como você ia se sentir sobre a vida se a Morte fosse sua irmã mais velha?"



Fim do ‘Fim’

 

 

E se eu dissesse a você que não há mais fim, que por mais que o tempo passe as coisas não vão perecer, as vidas não irão se esvair, que a água que escorre entre seus dedos não envelhecerá indo desaguar em algum mar. Tudo o que vê agora e aquilo o que te rodeia não mais acabará, não falo apenas do que te rodeia de forma material, estendo essa condição imperecível aos sentimentos, pensamento e tudo aquilo que constrói através da alma. Acostume-se com essa nova realidade, você não precisa se preocupar se a velhice o atormentará tão cedo, agora tudo permanece exatamente como está, não estou dizendo que você não poderá mudar; não é isso; terá tantas oportunidades de ser alguém diferente quantas vezes quiser, pois o tempo em si não será preocupação. Assim como pode manter-se a mesma pessoa. Cada um faz de sua eternidade o que quiser. Ainda não confia que isso já ‘é’.

“Mas e se me matarem?”.

Ah, sim! Com certeza você ainda pode morrer, mas o pior assassino de todos, o ‘grande genocida’ do universo não irá mais te atormentar. Ele já desistiu de ‘ser’. Nessa nova condição em que nos encontramos o ‘grande genocida’ chamado Tempo não te alcançará com seus dedos gélidos ao redor de seu pescoço roubando seu fôlego que antes era mortal. Sabe, você se preocupa  muito com a assustadora Morte, mas não percebe que durante toda sua existência o que te levava a cada dia para o seu fim era o ‘grande ladrão’, roubando seus milésimos, seus segundos, suas horas, seus dias e anos, a cada ciclo que se completava. Nascer, crescer, se desenvolver e morrer. Por isso não culpe apenas a morte. Ela o carrega para o seu descanso, ela não é a verdadeira culpada por furtar sua vida. O Tempo faz isso sem que perceba. Não entendeu ainda? Tudo bem, eu sei o quanto é difícil em pensar como se existe sem estar inserido em tempo algum. Você veio de uma realidade em que espaço-tempo andavam juntos, mas apenas tente enxergar o seguinte: tempo e espaço são conceitos distintos.

 Existem espaço em que o tempo não habita, assim como existe tempo em que o espaço não está.

Piorou, não foi?

Me desculpe por rir um pouco de sua ignorância, é costume daquela que sabe demais quando encontra aquele que sabe de menos, mas quem me dera a santa ignorância me livra-se de tanta sabedoria, pois minhas preocupações seriam bem menores. No entanto, essa não é a questão; agora você tem que entender numa forma mais humana, recorreremos ao exemplo então.

Você está agora em um espaço sem o tempo, aqui você simplesmente ‘está’, existe e ocupa esse espaço, sem a noção de passado, presente ou futuro; você pensa estar no presente, mas esse ‘momento’, se levar em conta o aspecto material de sua existência, é um ‘momento para o espaço’, estar nele independe de qualquer fluir da temporalidade. Você é uma existência espacial que percorre um tempo, mas a sua ‘existência em si’ é feita só de espaço, não tem a ver diretamente com Tempo. E percorrer o tempo com sua existência espacial é um dos maiores desejos do homem: viajar no tempo. Não fique assim tão boquiaberto e não pense que poderá vencer o poderoso Tempo. Nem eu posso, acredite.

Só que aqui o Tempo não existe, por isso podemos agora estar nesse ‘espaço-existindo’, e nos ‘movermos’ sem noções temporais. Entenda isso, ‘estamos’ no espaço e não no tempo. E estando em um estado em que apenas o espaço existe, você pode criar, desfazer, recriar qualquer tempo que quiser dentro do espaço, mas se você percebeu, você nem se moveu um milímetro sequer do lugar em que está, pois o tempo é movimento. Olhe pra baixo. Viu, não há pegadas de seus pés. Apenas as minhas é claro.

“Como?”

Porque, para caminharmos através do espaço, precisamos do tempo e eu sei moldar melhor do que qualquer um de meus Irmãos Perpétuos o tempo em meu próprio espaço. E não olhe com desconfiança pra mim, eu não sou o Tempo. Ninguém, nem mesmo eu, tenho a petulância de encontrar com ele. Dizem que ele tem a mania de fazer sentirmo-nos velhos e cansados. E não posso envelhecer ou me cansar, pois no seu mundo( e em vários outros) eu trabalho tanto todo dia que me cansar seria imperdoável para a densidade demográfica do planeta azul de onde você veio.

“Quem é você?”

Quem sou eu? Não notou minha pele pálida, meus olhos sedutores e minha voz melodiosa que hipnotiza. Sou aquela a que vocês humanos amam odiar, mas depois que me conhecem odeiam me amar tanto.

“Você é ela? Então estou morto? Nãããããooooo!!!”

Viu, você sabe mais sobre mim do que imaginava. Agora que já me conhece e sabe em que ‘condição’ está inserido nesse meu espaço, vai ser menos difícil você entender qual foi o sentido da sua vida. E sim, digamos que você está morto, mas não se preocupe, é bem melhor que aquilo que vocês humanos conceituaram como vida (um conceito equivocado pra te dizer a verdade).

“Como?”

Adoro os humanos, sempre com tantas perguntas, e eu cheia de tantas respostas. Ainda bem que vocês vem até mim, posso exercitar minha dialética. O ‘como’ você já sabe.

“Sei?”

Quando você ‘começou’(nasceu), lembra exatamente dele?

“No útero de minha mãe?”.

Não limite sua mente a isso meu amigo. Seu nascimento começou assim que o Tempo começou a existir. Agradeça a ele por isso pelo menos, mas não esqueça que ele continua e nessa continuidade arrasta tudo para mim; mas não fique espantado, vou falar como era tudo sem o Tempo.

“...”

Sim meu caro, o Tempo não existia no começo de tudo.

“Por quê!?”.

Ah, difícil resistir em não lhe revelar isso, ma você não resistiria em absorver tal conhecimento.

“O que aconteceria comigo?”.

Digamos que você não poderia não ser mais você, poderia ser o que quisesse ser na verdade. E voltaria pra Terra e se proclamaria deus e faria tudo o que os outros deuses da Terra fizeram: Nada. Eu lhe deixaria saber sobre o porque do tempo não existir antes se você me prometesse voltar pra Terra com esse conhecimento e se tornasse um deus que não apenas almejasse ser louvado, mas que libertasse os humanos de suas dúvidas; só que o último que me prometeu isso causou um dilúvio, soltou pragas no mundo, teve um filho, o sacrificou, e ainda por cima aterroriza os humanos com a idéia do fim do mundo. Um mundo que não foi nem ele quem criou. Ingênuo aquele rapaz Jeová. E o fim da Terra só meu irmão Destino sabe.

Portanto não queira saber o ‘porque’ ou o objetivo do Tempo não ter existido antes; é um mistério muito além de seu intelecto, apesar dele ter melhorado 4 vezes mais na atual condição(e o ser humano vai evoluir até esse ponto a sua capacidade cerebral). Desculpe-me o insulto; mas não fique ressentido, pois eu lhe contarei o que acontecia quando Tudo era o Espaço sem a existência do Tempo. Anime-se, esse conhecimento é recompensador. Comecemos então:

Antes havia a verdade mais velha do Espaço e o Tempo não era uma verdade nascida nem unida com Espaço ainda...


 

"Olá. Você voltou. Eu imaginei que você viria".



(Conto inspirado em SANDMAN, a genial e imortal obra do genial; mas mortal, Neil Gaiman).


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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Intervalo amoroso.



Intervalo amoroso

O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo
sem teu corpo?

Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?

Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?

Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho o sopro da vida de tua boca?

O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?


(Affonso Romano de Sant'Anna)

Biografia do autor:http://www.releituras.com/arsant_bio.asp


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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

"Tempos houve em que o meu demônio ria"

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Tempos houve em que o meu demônio ria,

E eu era uma luz em jardins soalheiros,

Tinha jogo e dança por companheiros

E o vinho do amor que me inebria

 

Tempos houve em que o meu demônio chorava,

E eu era uma luz em jardins de crueldade,

Tinha por companheira a humildade

Que a casa da pobreza iluminava

 

Hoje o meu demônio não ri nem chora,

Eu sou uma sombra num jardim perdido,

E o meu companheiro, pela morte enegrecido,

É o silêncio vazio de antes da aurora.

 

(Georg Trakl)


Fonte: http://www.gargantadaserpente.com/toca/poetas/georgtrakl.php

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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Reflexão Nº1

   

  Toda essa miscelânea de sons, o grilo, a geladeira, a televisão, o periquito, o ronco, o latido, a água, o carro, a chuva, o vento. Porque ouvimos as coisas? Será que é apenas resultado de nossa fisiologia, um processo mecânico do som propagado no ar que chega até nossos tímpanos e outros constituintes da audição? Não há razão para o ouvir além da de complementar a comunicação entre os seres? Será que o ouvir no ser humano, que consciente de si, não serve para algo além? O que nossos sentidos em si significam? São ferramentas corpóreas para analisar o real? Mas não é tão real o som de trovão em sonho? E porque temos a impressão de que conseguimos lembrar de sons e, como se os escutássemos ao lembrar, assim como a lembrança de um gosto, de um toque, de uma bela paisagem, será que não há um espectro além do físico para esses sentidos? Responderia dizer que se encontra essas impresões na mente, mas onde está a mente exatamente no corpo humano? No cérebro? A mente enquanto resultado de combinações estruturais corpóreas químicas resultam realmente no processar das informações em nosso cérebro. Mas além desse processo físico há algo que constitui essa capacidade? Pois o pensamento em si, de qualquer coisa, não é material, não é palpável. Os sentimentos são apenas resultados de um desencadear químico em nosso corpo, não há a cognição e intenção em tal sentir?

 

    Sabemos que sim. Então porque não estender essa abordagem às demais funcionalidades de nosso corpo, principalmente as cerebrais, mais especificamente aos sentidos, que funcionam tanto no mundo material da vigília quanto no mundo imaterial dos sonhos. Porque o cheiro de uma perfumada flor ainda é cheirosa no sonho, ou porque o toque da mão de alguém no sonho é tão concreto quanto o aperto de mão de seu irmão quando se cumprimentam? Porque algumas sensações no sonho são tão semelhantes às sensações enquanto estamos despertos? E o que me diz de alguém surdo, que em seu sonho escuta todos os sons que possa imaginar, da tempestade ao mais leve sussurro? Claro que ele só irá ‘escutar-em-sonho’ se tiver aquele som fixado em si anteriormente. Mas onde ele fixou-se? No cérebro? Tudo bem, já que insistirão que é no cérebro então lanço a pergunta que quis lançar desde o começo, mas não poderia faze-la antes por achar necessário antes expor o discurso, perguntarei pois: Temos conhecimento de doenças degenerativas do cérebro que fazem com que pessoas percam alguns sentidos, paladar, visão, mas mesmo com a perca de tais sentidos será que não os têem e sentem quando sonham por exemplo com o gosto de uma goiaba ou com a visão do mais radiante nascer do sol, ou mesmo acordados essas mesmas pessoas não escutam em seu interior as doces vozes de seus parentes mais queridos que um dia ouviram e tem assim uma audição-interior como sendo um sentido deveras?

 

    Costumamos chamar de ‘deficiências’ aquilo que consideramos ser a perda de qualquer das ‘eficiências’ do corpo humano, mas não só da ‘eficiência corpórea’ e  ‘realidade corpórea’ é (e vive) constituído o homem. Portanto não julguemos alguém que não vê, não escuta, ou não sente gostos ou aromas  de deficiente.O que falta a ele é apenas a parte corpórea (mecânica e fisiológica) de tais eficiências. Mas isso não o fará menos humano do que alguém completo corporalmente. A falta ou deficiência é uma idéia que criamos baseados na concepção antiga e atual de perfectibilidade da estrutura fisiológica do homem que eleva seu ‘ser corpóreo’, como a máquina perfeita do criador, isso é herança do ideal grego de Harmonia com o cosmos. Tiremos de nossas mentes tal idéia, o corpo humano nunca foi perfeito, pois se o fosse nunca precisaria ter se adaptado ao longo de sua evolução. E essa imperfectibilidade a nossa estrutura cognitiva e intelectiva também possui essa imperfectibilidade, pois quem de nós já encontrou a(s) verdadeira(s) razão(ões) de nossa existência? Mas não desistamos; de continuar essa busca, só por parecer impossível, homens destemidos a começaram em tempos longínquos e virão atormentar nossos sonhos se não ousarmos superá-los. No entanto, não entremos em um racionalismo e não vamos esquecer do corpo enquanto capaz de também experimentar (e constituir, e conhecer) a realidade, pois se tomarmos tal atitude estaremos esquecendo a objetividade do Ser.

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sábado, 3 de janeiro de 2009

Amor Verdadeiro

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Nas minhas orelhas sua voz é linda.
Nos meus olhos você é linda.
No nariz você é cheirosa.
Pro meu tato tem a pele lisa.
Pro meu coração é perfeita.

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Por: João Guilherme - 8 anos
(03/01/2009)

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