quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sem título.

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Você já viu um animal agonizando? Se já, então sabe que este poema é real.
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Ele se encolheu no canto
No espaço entre o jarro e a parede
Agonizou até nunca mais agonizar
Antes de nunca mais se contorcer ele se contorceu
Com as patas arranhando o azulejo da parede
Ele tentava escalar uma queda que não tinha mais volta
Seus olhos amarelos continham uma profunda confusão
Eles diziam:
“Estou morrendo! Mas ainda estou vivo!”
Se eu imaginei estas palavras
Já não sei mais,
Mas a mensagem que recebi foi esta:
“Onde está o mundo?”
será que por isso ele arranhava a parede?
Será que tentava escalar uma queda livre?
Seus grunhidos eram fracos,
Mas bateram com força em meus ouvidos
A vida ainda tinha som no corpo daquele animal
E se ele pudesse falar
O que ia me dizer?
A vida dele está perdida pra sempre
E fui o último que a presenciou
Antes de perder-se.

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*Do livro "POEMAS PERDIDOS".Que não publiquei porque ainda estou procurando.

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4 Reações:

Razek Seravhat disse...

Morrer não é tão agonizante assim... Viver sim é um precípicio sem fim. Sobretudo, neste mundo que inverte e investe em valores.

Ternura sempre!

Maíra disse...

Morrer agonizando é um modo de pôr pra fora a agonia que estava dentro a vida toda...

M. A. disse...

Ah, vou abdicar das análises profundas dizendo apenas que o poema me agradou bastante.

Liliana disse...

tive uma gata que morreu assim.. o nome dela era Madonna.. trágico neh