sábado, 31 de janeiro de 2009

VIDA - Doença Terminal.

.

Estou com uma doença terminal; e ela se chama vida.

Diagnosticada desde que nasci, uma rara doença que o mundo ainda não conseguiu curar. Durante muito tempo perguntam as causas de tamanha patologia. É uma doença quase imperceptível, mesmo com os milhares de exames disponíveis na medicina contemporânea; e ela não age da mesma forma em todo mundo, a doença é particular e peculiar, pois cada um tem os sintomas diferenciados, alguns não sentem dor por causa dela, outros não suportam piscar os olhos sem que a sintam tanto. O tempo de ação dela é indeterminado, em alguns ela age em dias, em outros casos levam cento e vinte e cinco anos para agir (ou ela passa esse tempo todo agindo). Ela é chamada no meio científico de ‘existência’, mas antes ela foi assim denominada pela Filosofia.

[O Existencialismo, desenvolvido por Jean-Paul Sartre foi a vertente da filosofia que mais estudou e compreendeu essa doença terminal, a colocou como precedente a essência: “A existência precede e governa a essência”. Essa definição funda a liberdade e a responsabilidade do homem, visto que esse existe sem que seu ser seja pré-definido].

Digo que a tenho, pois fiz o mais seguro exame para detectá-la: amei. Sim, amar é a mais segura forma de perceber que a vida é terminal e devastadora como doença, pois com o amor se quer tudo eterno; e descobrir que tudo não é eterno torna-se uma prova de que a vida nos acaba, nos torna tão doentes como nunca se esteve. Durante muito tempo procuram a cura, vide às prateleiras das livrarias na sessão de auto-ajuda, mas já foram descobertos e deflagrados como simples ‘placebos’ inúteis.

Conseguiram sintetizar uma pílula que contem felicidade como seu componente químico mais importante, até agora conseguiram apenas criar a L.F.G. (Leve Felicidade Gentil); pouco comercializada por causa de seus efeitos colaterais: dependência química e dependência dos outros, pois um de seus agentes químicos nos faz crer que podemos ser felizes ao lado de alguém. A felicidade é questionada hoje no meu tratamento, pois o F.I.M. (Fórum Internacional de Medicina) a proibiu de ser colocada na fórmula da L.F.G., mas tomo a L.F.G. clandestinamente ainda com esse componente químico proibido. Eticamente toda essa ação é condenável, mas não quero ‘terminar’ antes. Se vocês me entendem tenho apenas vinte e seis anos, um bom tempo pela frente; e a L.F.G. me torna mais amável, mais sociável, pois muitas pessoas querem todos interagindo com todos e não interagir significa que você está excluído daquilo que chamamos sociedade (o mesmo que ‘estado de quarentena’ em termos científicos).

Apesar de os efeitos da L.F.G. ainda atuarem em mim percebo que depois de um determinado tempo o corpo não se rende mais aos efeitos químicos nem aos efeitos psicofísicos, pois hoje sinto que a vida já não me atinge como antes, ela não me esgota e nem me deixa fatigado no fim do dia. Nesse momento descobri o que os cientistas estão a dez anos de descobrir (como eles estão atrasados). Descobri que a vida é uma doença que pode curar a si mesma. A única e grande dificuldade seria a de descobrirmos isso a tempo, antes que a doença terminal chamada vida nos leve ao encontro da única cura que se conheceu e ninguém e nem médico algum recomendou: a morte.

Portanto, prefiro compreender muito mais minha descoberta antes de declará-la como cura, pois pode ser apenas mais uma variação da L.F.G. (Leve Felicidade Gentil).

‘A VIDA CURA A SI MESMA’, esse é o pensamento inicial para minha quimioterapia filosófica.
A minha ‘quimiofilosofia’, um procedimento experimental que criei enquanto a insônia (um dos sintomas dessa doença terminal) me afligia.

Boa sorte a todos nós, apesar de saber que a sorte de um pessimista (eu no caso) é a de que nada aconteça daquilo que ele achou que aconteceria.



.

1 Reações:

Luna Phoenix disse...

particularmente, acho q vc está se preocupando demais com essa doença...qto mais se preocupa com um determinado tipo de doença mais se encontra coisas q fazem com q vc queira desistir...eu descobri há algum tempo q tbem sofro dessa doença terminal, mas não me afligi e mt menos me preocupei...pq, consequencias de um determinado tipo de "epidemia" acontecem diariamente em uma boa quantidade de pessoas e eu acabo achando q é melhor apenas deixar as consequências acontecerem sem saber o pq do que saber o pq e se preocupar...cada minuto perdido com pensamentos dela apenas são perdidos e nunca recuperamos, então, pra q se preocupar com isso?apenas deixe q a doeça siga seu curso e seu ciclo...é a melhor coisa a se fazer...