... e foi tão fácil, sem perigo.
- Sua boca é uma benção.
Sexo oral dentro do carro em uma rua deserta.
- 10 reais!
- Merece mais! – diz enquanto ri e puxa a cédula.
Ela abre a porta, sai do carro, limpa a boca e resolve ir pra casa.
O sol não dá trégua, ele entra em guerra constantemente contra a vontade deste homem. Ele anda lentamente enquanto os demais parecem estar na velocidade da luz. Esbarra, ‘me desculpe’. Mais um dia de andanças e mendicância. Vai pedir no sinal hoje, pois “a praça tem muita gente velha e lisa” e além do mais, ‘a concorrência tá aumentando, tem até moça bonita pedindo, assim num dá!”. Resmunga na própria mente as palavras que proferiu ontem em casa ( papelão estirado embaixo do toldo de uma padaria onde é o primeiro a comprar o pão). Sinal fechado.
- Uma esmola...
Um dedo indicando não, e outro, e outro, e outro...
- Uma esmola...
Dez centavos, depois trinta, depois vinte e cinco, depois oitenta. Um real e quarenta e cinco centavos em trinta segundos de sinal fechado.
- Uma esmola...
- Vai trabalhar!
Este homem todas as manhãs não sabe o que é bom humor, destila todo o seu veneno mal humorado em todos, nem mesmo a mulher em casa escapa, algo inadmissível, pois ela faz o café da manhã dele todos os dias; e este é o mesmo homem que, na noite anterior, achou ‘divina’ a boca de uma certa jovem. Esbraveja contra o velho pedinte, que uma vez já foi um padre.
- Não posso doutor... por favor – tenta arrancar pelo menos dez centavos do homem raivoso, só pra rir dele depois. Consegue. Aceita a moeda e pra mostrar a si mesmo que ainda tem orgulho deu essa moeda a outro que pedia perto dele.
- Obrigado. Esse aí tava puto hein...
Sinal fechado, o diálogo cessa. O mantra dos mendigos:
- Uma esmola...
Mais cinqüenta centavos. “Agora dá uma meota”, pensou. A taxa de câmbio, na bolsa de valores desse homem, é sempre calculada baseada na cachaça. Benze-se fervorosamente, lembranças da batina; e vai até o bar da mesma esquina, sua atual igreja. Onde os santos são fortes e ardentes
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Risadas e álcool (1ª Parte)
Palavreado por
D. Q. M.
às
00:10
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1 Reações:
BAKU MANDA AI O CONVITE PRA PARTICIPAR DO TEU BLOG, VOU POSTAR UM TEXTO
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