segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Gestação

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Eu vou pular fora desta carcaça
E abraçar novos tempos, novos instantes
A máscara derrete e meus osso propagam o sorriso hipócrita
Meus dedos enrijecem e minhas mãos esquecem o caminho correto
Eu vou dançar sobre o túmulo da minha geração
E fazer um strip-tease para todos os seus fantasmas
Minhas costelas são saborosas
E todos me devoram
Nasce em minha boca um escarro inclassificável
E todas as orações tentam me purificar
Os sonhos dolorosos machucam o que restou das minhas entranhas
E meus versos são vísceras indigestas
Ergui a bandeira piviana acima de todas as Igrejas
E os demônios despertaram no fundo dos meus olhos
Minha língua dobra alucinada dentro da boca da maldita poesia
Enquanto torturam minhas idéias nas instituições pós-modernistas
Eu vou dilacerar todos os meus órgãos
E vou doar o meu espírito
Quero trocar meu coração por uma orquídea
Para amar todos os insetos que me assediam
As palavras sufocam a garganta das minhas ações
E luto desesperadamente contra as cordas que me controlam
O sangue dos pesadelos purifica os pés da minha consciência
E o pessimismo aumenta seu fluxo em minhas veias
Estilos flertam comigo
E dou um fora em todos eles
Eu quero mais que um flerte
Eu quero noites inesquecíveis de sexo selvagem e casual com todas as estéticas existentes
Minhas amígdalas incham,
E ainda não cortei as linhas imaginárias com minha tesoura inexistente
Meus pulmões me convidam para mais trezentos cigarros
Todos querem o nosso último suspiro.
O Século não usou camisinha
Então engravidei do esperma grotesco de sua carcaça;
E do útero destes versos
Nascerá um tempo liricamente monstruoso.

1 Reações:

Tamára Roots disse...

teus textos me encantam. me alucinam. me deixam excitada.
muito bom! todas as frases repletas de sentidos.
enfim meu bem, tem nem o que falar né, tu é mestre no que faz!
beijos.