quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A BACANTE ou O LADO FEMININO-DIONISÍACO DE NIETZSCHE

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Ela engolia a agonia
A bacante,
Devorava o pênis da Moral
O rígido e pulsante membro da cristandade
Ela lambia a Primeira Filosofia
E dissolvia com sua ácida saliva
Os pilares da Metafísica,
A bacante trucida Platão
E Nietzsche grita: VIVA!
Ela rasga a carne dormente
Fazendo-a sentir novamente,
Ela oferece os seios suculentos
E bocas bacantes os devoram com voluptuoso deslumbramento,
A bacante introduz seus dedos na vagina das Religiões
E faz com que todos os deuses gozem,
Ela dilacera a fé
Tem orgasmos ao beber o doce sangue que escorre das chagas de Cristo,
Ela sodomiza o demônio Lúcifer
E cospe em suas asas negras,
A bacante seduz os Governos da Terra
E arranca os testículos dos governantes machos.
Com as fêmeas ela delira
E as faz delirar.
A bacante junta tudo no caldeirão da Hybris
Ela une cores, corpos, coisas, gozo.
Ela une forças, desejos, sabedorias, sonhos.
Ela une vida, morte, poesia, filosofia.
Ela ri do deus Apolo e de sua ingenuidade
Ela chora com o deus Dioniso e louva sua loucura sentimental
Ela estraçalha os livros sagrados
E limpa o sangue que escorre de sua verdade
Ela vomita vinho,
O doce líquido que vem de seu coração embriagado.
Ela lança no ar feromônios de frenesi
Ela arrebenta mentalidades ortodoxas
Ela almoça a Lei
E janta o Dogma,
Mastiga estas duas coisas
Dando dentadas destruidoras
Reduzindo a pó Legislações
A bacante não pára
Ela segue sempre
Sempre segue
Sangra sempre
Sempre sangra
Serve sempre
Sempre serve
A bacante canta
A bacante dança
E o ser-humano é a música que ela nunca cansará de apreciar.

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2 Reações:

Tamára Roots disse...

Devorei o texto! Incrível como tu consegue me prender as vezes..
Muito massa!
P.S: Com algumas frases muito marcantes.
Bons dias.

Anônimo disse...

"Ela vomita vinho,
O doce líquido que vem de seu coração embriagado"

Adorei o texto. Apesar de citar apenas uma frase, há tantas outras que me fizeram rir, chocar, e pensar.

Tornarei-me leitora assídua daqui...

Carol Rodrigues - Filosofia - Uece