terça-feira, 26 de outubro de 2010

"Cause I'm as free as a bird now" ¹

Nós comemos o vômito ancestral.
Mais um semestre se inicia na Universidade Federal do Adestramento.
A mesma bosta histórica
A mesma diarréia antropológica
A mesma estagnação psicológica.
Reviramos cadáveres
Em busca do osso inédito de suas idéias.
Sala de aula e professores-coveiros
Mestres na exumação filosófica.
O diploma nos espera
E o canudo será entregue,
Ou melhor, será enfiado no cú dos concludentes.
Nós anotamos a palestra do Professor Doutor em Filosofia da mecanização das mentes
Nós suplicamos por um Mestre que nos incentive a assassinar os mestres
(simbolicamente, é claro).
Os professores, feito mães-pássaro, regurgitam o alimento na boca dos alunos
E assim a baba das gerações perdura imoralmente.
Não incentivam a caçar
Tentam nos transformar em passivos passarinhos,
Acolhidos na Faculdade onde chocam ovos goros.
Mas vejo pássaros arriscando um vôo além das gaiolas acadêmicas
Vejo pássaros, de bom caráter, recusando o vômito ancestral
Vejo pássaros ousados o suficiente pra abalarem os paradigmas
Vejo pássaros despojados dispostos a cagar nas filosofias
Vejo pássaros iniciando uma nova canção.

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1- O título é de um trecho da música FREE BIRD da banda LYNYRD SYNYRD, e a tradução é esta: "Pois eu sou tão livre quanto um pássaro agora".


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sábado, 2 de outubro de 2010

Planos Múltiplos

Um calafrio percorre as arestas da Metrópole
E a voz autarca ecoa nos patamares da literatura moribunda
O novo Corpo surgirá dos destroços; da poluição; da decadente geração a qual não pertenço
E meus ossos não vão se ajoelhar diante dos necromantes
Meus versos são a contra-mágica que cuidará desses charlatães.
Me dê um Ministério e eu afundo o país em poucos instantes
Não sei o que fazer com poderes tão abstratos.
O útero da poesia recebe o esperma da minha criatividade
E o sexo tem que ser lúdico,
Porque se não for, o escritor aceita a coleira e ainda abana o rabo.
A Academia é um canil onde somos sacrificados,
E se ela for com sua cara, você ganha o adestramento imortal
Doce é a batalha que está por vir,
Meu sangue vigoroso anseia e ferve
Só a lua restará no embate iconoclasta
E vencedor ou vencido, eu a abraçarei com volúpia.